Mercado de médio padrão registra queda de lançamentos, mas Goiânia é uma exceção, aponta Felipe Furtado (AutImob) - Crédito: FlyMe/AdobeStock


A ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, realizou um levantamento inédito sobre o mercado de médio padrão no Brasil. Os resultados apontaram uma queda de 10% do segmento no Valor Global Lançado (VGL) do segundo trimestre de 2023 para o mesmo período deste ano. 4

No segundo trimestre de 2024, o mercado de médio padrão foi responsável por 50% do total do VGL, contra 26% do mercado de alto padrão e 24% do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). No mesmo período do ano passado, essa participação do médio padrão era de 60%.

Os dados, referentes a cerca de 10.500 empresas do mercado imobiliário nacional, mostram que o aumento do custo de financiamento bancário é, sem dúvida, o grande responsável pela queda dessa participação relativa. Mesmo assim, a classe média ainda é o principal mercado para o setor.

"A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding. Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor," afirma Luiz França, presidente da ABRAINC.

A queda também é notada quando analisada a alta intenção de compra: 48% dos entrevistados em geral, de acordo com os dados da BRAIN (maior número já registrado). Porém, esse patamar de intenção é menor (40%) justamente na faixa de renda entre R$ 10 a R$ 20 mil por mês.

No último dia 18, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa Selic para 10,75%, o que, segundo França, tem efeito negativo sobre os tomadores de crédito em todos os setores da economia, encarecendo os empréstimos e financiamentos.

“Para quem tem muito recurso, a taxa de juros é quase que irrelevante. A pessoa compra à vista ou o dinheiro dela rende mais do que a taxa de juros. Para quem tem pouco recurso, compra no Minha Casa, Minha Vida. E para quem não está em nenhum dos dois, fica mais difícil. Então é natural que até as construtoras lancem menos para esse padrão”, analisa Felipe Furtado, sócio-fundador e editor-chefe da AutImob.

Mas Goiânia vive um cenário diferente, segundo Felipe. “A capital hoje é uma exceção no mercado, porque o que está sendo lançado está sendo vendido. Alguns com percentual bem mais alto, outros com percentual já aceitável. Não tem nenhum empreendimento que lança e não dá resultado nenhum”, defende.