Segundo levantamento realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apresentado neste mês de dezembro, a construção civil no Brasil desacelerou em 2023. A instituição divulgou a informação considerando dados do terceiro trimestre do PIB e estima que o setor deve encerrar o ano em queda de 0,5%, em relação ao ano anterior.

Conforme a análise do órgão, o resultado se deve a diversos fatores como impactos dos ajustes após o ano eleitoral e os reflexos de uma economia marcada pelas elevadas taxas de juros, pela demora da divulgação das novas condições do Programa Minha Casa, Minha Vida e pela acomodação de pequenas obras e reformas iniciadas no período pandêmico.

Contudo, Goiás se apresenta como um ponto fora da curva. A Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-GO) divulgou que Goiânia e Região Metropolitana, já podem ser consideradas como o terceiro maior mercado imobiliário do Brasil em volume de vendas, só perdendo para Rio de Janeiro e São Paulo. Foram 7046 unidades vendidas até o terceiro trimestre de 2023.

Além disso, a valorização dos imóveis também esteve no topo do País. De janeiro a novembro, Goiânia ficou entre o primeiro e segundo lugar no ranking da valorização do metro quadrado dos lançamentos residenciais em 50 cidades brasileiras elaborado pelo Índice FipeZAP. De janeiro a novembro, a alta foi de 13,11%, bem acima da média nacional de 4,82%.



Na área de aluguel, o Índice FipeZAP de Locação Residencial acumulou uma alta de 15,02% no balanço parcial de 2023 (até novembro), superando nesse recorte temporal as variações acumuladas pelo IPCA/IBGE (+4,04%) e IGP-M/FGV (-3,89%). Dentre as 11 capitais que integram a cesta de cálculo, Goiânia foi a que acumulou maior alta de +33,69%; à frente de Florianópolis (+27,67%) e de Fortaleza (+22,48%). Ainda segundo o levantamento, Goiânia está entre as capitais com maior rentabilidade do aluguel (5,91% a.a.).

Entre os fatores que contribuíram para este cenário estão o crescimento populacional. O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a concentração urbana da Grande Goiânia, que engloba cidades como Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade, foi a que mais cresceu no país nos últimos 12 anos. Saindo de 2.078.399 habitantes em 2010 para 2.471.651 em 2022, a região teve um salto de 18,9%, um aumento de mais de 390 mil pessoas.

O agronegócio, um dos pilares da economia goiana, teve recorde na safra de 2022/2023, o que reverberou na economia goiana, como apontam os empresários do setor. Para 2024, apesar da previsão de queda para a safra 2023/2024 para Goiás e para o Brasil, a expectativa é que a queda da taxa de juros do País e o Programa Minha Casa Minha Vida mantenham o mercado aquecido.

A Taxa Selic hoje está em 11,75% ao ano e segue tendência de queda, o que deve contribuir com a melhoria do cenário. A perspectiva do mercado é de que chegue a 9% ao longo de 2024. Conforme divulgado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o Minha Casa, Minha Vida terá como orçamento anual até 2027 o valor de R$ 95,85 bilhões.

A derrubada do veto da desoneração da Folha de Pagamento, agora em dezembro, foi outro fator que agradou o setor, que agora deve conseguir fôlego para equilibrar os custos da construção. Sem desoneração, os custos da folha de pagamento em Goiás somam uma diferença de 30,29 pontos percentuais, segundo levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO).