1) Recursos para crédito imobiliário na Caixa estão perto do limite e novos pedidos começam a travar

Faltando pouco mais de dois meses para acabar o ano, a Caixa Econômica Federal tem voltado atrás em pedidos pré-aprovados de crédito imobiliário porque já usou 85% dos recursos disponíveis para 2024. O banco tinha orçamento de R$ 75 bilhões para contratações com recursos da Poupança (SBPE) e, até setembro, já realizou operações que consumiram R$ 63,5 bilhões. Com R$ 11,5 bilhões para novos investimentos até dezembro, clientes têm recebido negativas em negociações avançadas, com a justificativa de escassez de recursos, conforme relatos colhidos pela reportagem.

2) Bancos começam a subir juro do crédito imobiliário e a apertar condições de financiamento

Com a retomada da elevação dos juros básicos (Selic) pelo Banco Central, as instituições financeiras começaram a subir as taxas do crédito imobiliário. 

No começo deste mês, o Itaú Unibanco elevou a taxa média, que partia de 10,49% ao ano e foi para 10,79% ao ano. Outras instituições, como Bradesco, Santander e BRB afirmaram que também consideram reajustes levando em conta a situação da economia brasileira.

O cenário é marcado por um esgotamento na oferta de recursos da caderneta de poupança para abastecer o financiamento imobiliário. 

3) Alta dos preços dos imóveis limita poder de compra e empurra classe média para apartamentos menores. Entenda

Mesmo com o aumento de lançamentos e a volta do crescimento no setor imobiliário, o perfil dos chamados “apartamentos intermediários”, aqueles que têm metragens acima de 45m² e abaixo de 100m², tem mudado pelo país. Parte desse cenário é explicado pelo aumento dos preços, puxado por uma recomposição de custos que perdura no setor desde o ano passado, e que tem limitado o poder de compra da classe média, principal público desse tipo de imóvel. Além disso, segundo especialistas, isso também explica a outra mudança que tem acontecido no mercado: a maior demanda por apartamentos menores.

4) Mesmo com restrições, Caixa projeta R$ 25 bilhões a mais em crédito imobiliário

Mesmo com as restrições de recursos no mercado para lastrear empréstimos, a Caixa Econômica Federal pretende fechar este ano com R$ 25 bilhões a mais no crédito imobiliário, ultrapassando R$ 200 bilhões em contratos ativos. Executivos do banco afirmam que a meta deve ser cumprida mesmo diante das travas impostas à população de mais alta renda, que, agora, só pode financiar imóveis de até R$ 1,5 milhão pelo SBPE. A redução ocorreu diante de saques maiores do que depósitos nas cadernetas motivados por opções mais vantajosas de retorno em aplicações do mercado. No FGTS, o bilionário fundo dos trabalhadores, a alta do emprego conteve um pouco a redução dos recursos disponíveis. O governo também tenta frear os saques-aniversários, que já retiraram cerca de R$ 100 bilhões das contas do fundo dos trabalhadores.

5) Alerta: O fantasma da inflação pode estar voltando à construção?

Um vilão adormecido pode estar prestes a assombrar o setor de construção de baixa renda. Segundo o Itaú BBA, a inflação na construção já começa a dar sinais de que voltará a ser uma realidade. O banco aponta que o setor, como um todo, se acostumou com a inflação baixa dos últimos dois anos – mas será que deveria? “Tememos que isso possa ser a calmaria antes da tempestade, já que o Brasil raramente viu o INCC permanecer no nível atual de 4-5% por muito tempo”, dizem os analistas. O que chamou a atenção do banco foi a rápida aceleração do índice. Enquanto o INCC de 2023 ficou em 3,34%, em setembro o índice já havia atingido 5,22% no acumulado de 12 meses.

6) Dois a cada três brasileiros desistem de negociar imóveis por causa do preço, revela Datafolha

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com o Grupo QuintoAndar revelou que dois em cada três brasileiros já desistiram de negociar imóveis devido ao preço, temendo fazer um mau negócio. O estudo apontou que 84% das pessoas têm dificuldade em obter informações precisas sobre o valor adequado de um imóvel. Boa parte dessa incerteza é resultado da cultura de precificação inflacionada no Brasil, onde os proprietários tendem a aumentar o valor do imóvel para ter margem de negociação. De acordo com o estudo, 53% dos entrevistados acreditam que os donos utilizam essa estratégia, e mais da metade dos proprietários (56%) admite que infla os preços esperando um pedido de desconto. 

7) Jogo sujo: Ex-gerente é indiciada por invasão de CRM da imobiliária

Uma ex-funcionária da Lokatell Imóveis, de Cascavel-PR, e uma imobiliarista concorrente foram indiciadas por "invasão de dispositivo informático". Segundo o advogado da vítima, as acusadas podem responder pelos crimes de associação criminosa, concorrência desleal, falsa identidade e violação de direito autoral. Conforme o relatório policial, as suspeitas teriam acessado o sistema da Lokatell com os logins e as senhas da vice-diretora e também de uma consultora da empresa. O objetivo seria acessar os dados dos locadores e captar os imóveis para a concorrente. Além de realizar o contato com os proprietários, as acusadas ainda teriam divulgado, no site da concorrente, os imóveis que fazem parte da carteira da Lokatell.

8) Alívio para quem produz imóveis econômicos: CNJ estabelece medidas para combater litigância predatória no Judiciário

Nesta terça-feira (22), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou um novo ato normativo com o objetivo de identificar, tratar e prevenir a litigância predatória no sistema judiciário brasileiro. O conceito de litigância abusiva é definido como um desvio ou excesso no uso do direito de acesso ao Poder Judiciário. A decisão do CNJ também reflete a preocupação do setor da construção, tornada prioridade pela CBIC, especialmente com o projeto Vícios Construtivos e Garantias Pós-Obra, desenvolvido pela entidade, que estará em vigor entre 1º de outubro de 2024 e 30 de setembro de 2025. Essa iniciativa visa combater a indústria de ações predatórias vinculadas ao programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), trazendo estabilidade jurídica ao setor imobiliário por meio de prazos claros de garantia para as unidades e de prescrição para o ajuizamento de ações.

9) Carrefour vende 15 imóveis para fundo imobiliário da Guardian por R$ 725 milhões

O Carrefour anunciou nesta terça-feira, 22, que vendeu para o Fundo de Investimento Imobiliário Guardian Real Estate, gerido pela Guardian Gestora, 15 imóveis próprios onde estão localizadas lojas operadas pela companhia ou suas afiliadas sob a bandeira Atacadão, no valor total de R$ 725 milhões. A transação inclui a celebração de contratos de locação na modalidade “sale-leaseback” (a empresa busca vender o imóvel que possui enquanto celebra um contrato de locação com o comprador do prédio), com prazo inicial de 13 anos, renováveis por períodos adicionais de cinco anos. As despesas com aluguel desses imóveis serão de aproximadamente R$ 4,8 milhões por mês.

10) Cidade fantasma de US$ 100 bi na Malásia é reflexo da crise imobiliária da China

Foi um projeto imobiliário audacioso realizado há uma década por uma incorporadora chinesa: uma cidade de US$ 100 bilhões na Malásia, construída sobre areia e mangues arbustivos e vendida como um luxuoso “paraíso dos sonhos” para a classe média da China. A gigantesca incorporadora imobiliária chinesa Country Garden sonhou com Forest City como uma “cidade verde futurista”, abrangendo 12 milhas quadradas (31 km²) e quatro ilhas artificiais. Deveria haver 700 mil apartamentos, mas apenas uma ilha, com 26 mil unidades em várias dezenas de torres, foi construída.

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Caio Lobo, o incorporador


Caio Lobo é Diretor de Incorporações e Sócio da Mitro Construtora e Incorporadora, empresa sediada em Goiânia (GO) e especializada no segmento popular de habitação e no médio padrão. É formado em Engenharia Civil pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e é Pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Produz conteúdo sobre incorporações imobiliárias e mercado imobiliário para o canal @oincorporador, que conta com mais de 100mil seguidores nichados, é editor da newsletter IncorporaNews, professor no Curso Incorporações Imobiliárias Financiadas e é um ENTUSIASTA DO MERCADO IMOBILIÁRIO.