A taxa Selic, que é a taxa de juros básica da economia brasileira e representa o retorno que o investidor pode obter sem correr grandes riscos, está intimamente atrelada à compra de imóveis. No entanto, ao contrário do que a maioria da população acredita, comprar um imóvel com a taxa Selic em alta pode ser mais lucrativo e interessante do que investir com ela em baixa.

O economista Rian Tavares explicou à AutImob a lógica por trás disso. Resumidamente, a taxa Selic é quanto custa para um banco emprestar dinheiro para outra instituição bancária. O especialista detalha que esse mercado interbancário é regulado pelo Banco Central, que determina a cada 45 dias a meta da taxa Selic, que é bem próxima da taxa praticada entre os bancos, atingindo o cliente final de modo a impactar os custos dos empréstimos bancários, que são praticados em valores acima da Selic. “Hoje, para uma pessoa física pegar dinheiro emprestado no banco, o custo do empréstimo é na média de 50%. O banco lucra com a diferença”, descreve.

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No mercado financeiro, o título público mais seguro, que tem baixíssimo risco de oscilação de preço, é o Tesouro Selic, que remunera a taxa Selic, sendo considerado como “o mínimo que o investidor conservador recebe para investir seu dinheiro”. Nesse sentido, Rian explica a associação disso com os motivos para apostar em compras quando a taxa está em alta. “Se o governo me paga 13,25% para não tomar risco, por que eu investiria em imóveis, ações na bolsa ou qualquer coisa com risco? Aí que está a oportunidade”, aponta.

Segundo o economista, o ponto positivo de se investir na compra de imóveis quando a taxa Selic está em alta é justamente ir na contramão do fluxo e aproveitar as oportunidades futuras de mercado. “Esse é o ciclo do mercado, as coisas ficam baratas quando a Selic está alta, e caras quando a Selic está baixa. Comprar investimentos arriscados, como imóveis, quando a Selic está alta costuma ser um bom negócio olhando pela ótica da valorização”, ressalta Rian.

Como exemplo prático, o especialista cita a oscilação da taxa entre o período de janeiro de 2016 a janeiro de 2020, quando a Selic caiu de 14,25% para 4%. “Nesse meio caminho, a valorização dos Fundos Imobiliários, metrificado pelo IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários), foi de 150%. Assim, R$100 mil investidos teriam se transformado em R$250 mil em 4 anos. Sei que o mercado de imóveis não é necessariamente igual ao de fundos imobiliários, mas tem correlação”, aponta Rian Tavares.



Fonte: F3



Os juros dos financiamentos tendem a crescer junto com a Selic, já que uma das principais funções da taxa é conter a inflação. Nesse sentido, o investimento em imóveis tende a proteger os investidores contra a inflação, visto que o imóvel se valoriza com o tempo, independente desta oscilação.

Orientações

Mesmo sendo o recomendado pelos especialistas, exige uma dose de cautela dos investidores, principalmente em relação às compras financiadas. “A Selic mais alta pressiona também a taxa do financiamento imobiliário, que hoje está na faixa de 11% na média do Brasil, com a Selic a 13,25% (vs 6,6% quando a Selic estava em 2%). Isso vai encarecer e muito a aquisição do seu imóvel e acabar com a rentabilidade do seu investimento”, alerta o economista.

Assim sendo, Rian dá dicas conforme a intenção do comprador. “Se você está pensando em um imóvel só por investimento, busque financiar o mínimo possível, porque o custo do crédito está alto. Se você buscar imóvel para morar, pode sim comparar o custo do aluguel contra o custo do financiamento, dado que o aluguel é algo que você vai pagar de qualquer forma. De todo modo, ficar endividado no Brasil é caro, então precisa colocar na conta o custo de crédito”, finaliza.